Eu quero me perder disso tudo! Ando embriagada de lucidez, tanto que as vezes penso ser normal. Já tentei largar essa droga tantas vezes! Já tentei de tudo! Sexo, álcool, vida social! Mas quando via já tava afundando na lucidez. Que droga é essa? Que me consome, Que ao invés de encontrar alguém pra me ajudar, não! Só encontro gente lúcida, pra me levar pro buraco! Um mais lúcido que o outro! To cercada de gente lúcida! gentinha normal e lúcida. Disposta a me ofertar essa droga a todo momento. E fazer parecer que tá cheio de gente normal e lúcida por todo lado. Só que eu quero me curar dessa merda toda! De toda essa lucidez hipócrita! Eu quero outra droga! Quero a loucura! A insanidade! O Sonho! O Devaneio! Só quero me perder disso tudo! [Christiana Chagas]
Um dia me perguntaram o que quero da vida. O que quero pra mim. Me senti diante de uma folha em branco. Já quis tantas coisas, e os quereres mudam com o andar da carruagem tão inesperadamente, assim como nos transformamos sem dar conta. Me senti perdida com essa pergunta, de modo que comecei a pensar primeiro se não era um absurdo estar perdida. Como assim não saber o que quer da vida?! O que querer da vida pra mim? Seria uma casa própria, com jardim, bichinhos soltos, filhos, amor, e um bom emprego? Ou resumidamente ser feliz? Ou seria estabilidade financeira, e uma bela carreira profissional? Me perdendo e me achando em meio a perguntas e respostas, diria que quero tudo e nada. Tudo ou nada, Sim e não, o belo e o feio, o Yin e yang, A surpresa e o tédio, O suave e o intenso, O Amor e o Sexo, o quente e o frio, o agora e o depois, o branco, o preto, o colorido, e tudo o que eu possa absorver da Vida! [Christiana Chagas]